sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Parábola do tempo em que não havia Feicebuque, minha infância no Parolin
(fosse hoje e isso era um vídeo no Iú-Tube)

Na frente da minha casa tinha uma valeta a céu aberto. O ar, principalmente em dias de verão, tinha o cheiro daquilo que a vizinhança havia ingerido, digerido e misturado ao ritmo dos seus intestinos.
Do outro lado da valeta, tinha um grande terreno baldio, meu vizinho da frente  era um grande matagal cheio de mamonas.  Eu e meus amigos tínhamos contruído uma ponte para atravessar a valeta e, no terreno baldio, tínhamos construído uma cabana toda mobiliada com o lixo que encontrávamos pela rua. As mamonas faziam o teto.
Certo dia ensolarado, jogamos um de nós mesmos naquele rio fecal. A graça foi tanta que acabamos nos jogando todos no esgoto a céu aberto, tomando, claro, o cuidado de encenar a coisa de tal forma a parecer que não consguíamos escapar da queda que nos infligíamos uns aos outros.  Enquanto ríamos, já lá dentro, arremesávamos os dejetos disponíveis uns nos outros. Se alguém ensaiava uma saída (e era sempre um blefe), logo puxávamos o fugitivo para dentro da valeta, que nos engolia mole pelo menos até a cintura.

Acabada da graça, saímos todos esmerdeados pela rua e tomamos então um banho de mangueira no jardim, orgulhosos de nosso feito.  Compúnhamos bem com aquele dia de verão.

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