Parábola do tempo em que não havia Feicebuque, minha infância no
Parolin
(fosse hoje e isso era um vídeo no Iú-Tube)
Na frente da minha casa tinha uma
valeta a céu aberto. O ar, principalmente em dias de verão, tinha o cheiro
daquilo que a vizinhança havia ingerido, digerido e misturado ao ritmo dos seus
intestinos.
Do outro lado da valeta, tinha um
grande terreno baldio, meu vizinho da frente era um grande matagal cheio de mamonas. Eu e meus amigos tínhamos contruído uma ponte
para atravessar a valeta e, no terreno baldio, tínhamos construído uma cabana
toda mobiliada com o lixo que encontrávamos pela rua. As mamonas faziam o teto.
Certo dia ensolarado, jogamos um
de nós mesmos naquele rio fecal. A graça foi tanta que acabamos nos jogando
todos no esgoto a céu aberto, tomando, claro, o cuidado de encenar a coisa de
tal forma a parecer que não consguíamos escapar da queda que nos infligíamos
uns aos outros. Enquanto ríamos, já lá
dentro, arremesávamos os dejetos disponíveis uns nos outros. Se alguém ensaiava
uma saída (e era sempre um blefe), logo puxávamos o fugitivo para dentro da
valeta, que nos engolia mole pelo menos até a cintura.
Acabada da graça, saímos todos
esmerdeados pela rua e tomamos então um banho de mangueira no jardim,
orgulhosos de nosso feito. Compúnhamos
bem com aquele dia de verão.
conto com cheirinho de verão
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